Translate

domingo, 28 de outubro de 2012

Elementos do Clube da Esquina ja presentes em MILTON


O disco MILTON  - ver capa que ilustra o texto  - é o antecessor imediato do(s)  Clube da Esquina 1 e 2. Seria mais apropriado, talvez, se dizer o precursor do emblemático Clube. Pois, na verdade quase todos elementos e características, musicais principalmente, que marcarm O Clube, já estão presentes neste maravilhoso disco, lançado em 1970. Participam, alem de Milton, claro, Som Imaginario (Tavito, Wagner Tiso, Fredera, Ze Rodrix, Luiz Alves, Robertinho Silva e a percussão e vocalizes afro de Naná Vasconcelo). Lo Borges, Toninho Horta e os parceiros poetas Marcio Borges, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Rui Guerra e Tom Jobim-Vinicius, que com sua Felicidade propiciam a Milton uma das mais belas interpretações de sua carreira.                                                                                                                                                      Um lado pouco divulgado de Milton é o sua enorme capacidade de “reagimentador” (na falta de outra palavra...): aquela capacidade de aglutinar musicos de talentos diversos a seu redor, organizar a ‘falta de coro’, incentivar iniciantes, re-encontrar os ja consagrados, misturar artistas dos bailes da vida da noite com musicos de estudio, enfim, fazer com que a soma dos talentos seja muito maior do que o  valor individual de cada um. À  la Miles Davis, seu mestre e inspirador. E seguindo nesta direcao, temos o Milton produtor e diretor musical, incentivador de carreiras hoje de sucesso, apoiando, junto as gravadoras (que na epoca eram abertas a ouvir quem entende de musica, ou seja, os artistas, e nao como hoje, onde sao os diretores financeiros, que voltados apenas para o suce$$o imediato, levaram nossa musica ao marasmo de ma qualidade, onde impera o mau gosto e impede surgirem tantos novos talentos que existem por aí. 
Praticamente todos que participaram com ele deste Minas e dos Clube da Esquina,todos que participaram com ele deste Minas e dos Clube da Esquina tiveram seu apoio para fazerem decolar suas carreiras individuais: Lo Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Som Imaginario, Nelson Angelo, Wagner Tiso, 14 Bis (foi inclusive produtor do 1.o disco da banda,  que gravou em primeira mao musicas suas que se tornariam sucesso: Cançao da America, Bola de meia, bola de gude, Bailes da vida.. . alem de Caçador de Mim (Sergio magrao-L.C.Sa) que, gravada originalmente pel o 14Bis, se tornou sucesso na voz de Milton. Assim como tantas outras musicas que esse fantástico crooner interpreta com o poucos: Viola enluarada, O que será que será , Caicó , Cuitelinho e outras perolas de nossa musica. Sem falar nas pouquíssimos conhecidas interpretações de worlmusic, onde o vocalize único pode ..soltar a voz ... como canta em Travessia. Gravou chansons de Guilhaume de Machaut, compositor do sec. XIV, num disco maravilhoso (que inclusive apresentei e acabou ficou com ele... ta perdoado, so quero copia, ta Bituca?) com outros cantores de nome internacional, como  é o proprio Milton. Outro exemplo é uma antiga gravação de um Oremus, de Edu Lobo, com Tenorio Junior ao órgão. Fiquei muito tempo pesquisando esta musica na Internet e finalmente a encontrei. Apesar de ser uma rara gravaçao antiga, ainda emociona.
http://www.youtube.com/watch?v=c5hdCZYxji0  Oremus (Edu Lobo) voz:Milton Nascimento

Nesta época, em toda America do Sul os regimes totalitários eram uma constante e perigosa realidade. O Brasil, claro, também vivia num regime de total repressão a toda forma de livre expressão, ainda mais a musica, pela sua imensa capacidade de tocar as pessoas.
Assim, neste contexto, lido assim de repente,  o titulo dessa materia (elementos do clube da esquina s ja presentes  em Minas) poderia ter uma conotacao quase policial; ainda mais se fosse na epoca da Ditadura, quando este disco foi lançado. Milton na epoca foi talvez o unico grande artista da MPB que nao for a exilado, e ficou por aqui contribuindo, à nossa maneira, para o fim do regime autoritario e anti-democratico que havia no país. Teve dezenas de musicas censuradas, e como diz ele mesmo, “… olhe que tentaram censurar a voz tambem”. Ainda bem que nao o fizeram – ninguem conseguiria calar uma  das vozes mais bonitas que surgiram nesta America Latina, de San Vicente e para Lennon e McCartney, de Travessia a Nada será como antes… musicas que sao e serao sempre classicos em nossa musica. Parabens de novo, Bituca. Viva la Musica, Viva la Vida. Linda Juventude sempre.

5 comentários:

Ana Beltrão disse...

sensacional reflexão, parabéns pela bela homenagem.:)

Michele Sasson disse...

Que bom que voltou a escrever aqui, a gente agradece!
Uma bela homenagem! Quem conhece, conhece né!
bjo procê =D

Diana Rizzi Bizzocchi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diana Rizzi Bizzocchi disse...

Vermelho, que bom que voltou a escrever em seu blog! Ainda mais num momento tão oportuno como o aniversário do Bituca. Parabéns a você e a ele. E lembranças ao Ildeu.
A propósito, vou tentar postar no blog do 14 Bis a canção "Pura Miragem", que quase ninguém tem.
Um abração.
Aldo Bizzocchi
www.aldobizzocchi.com.br

Antonio Siqueira disse...

Concordo em gênero, grau e numero. Sempre achei esse disco uma prévia, um ensaio do que viria 2 anos depois!
ótimo texto, grande reflexão.